Tempo de Poesia
Algumas turmas vão estar voltadas para a obra de Dorival Caymmi e Lipicínio Rodrigues.
Um pouco de poesia para você.
Silêncio
Eu visto a tua ausência de silêncio.
De um silêncio áspero e impermeável.
Não por desamor,
tampouco esquecimento.
E sim por covardia.
É que eu tenho medo,
eu tenho um medo imenso
às coisas deste mundo
o teu nome te integre na paisagem
e eu nunca mais te reconheça.
Eu visto a tua ausência de silêncio
e guardo em meu silêncio a tua imagem.
Canto Baixo – Sérgio Fonseca
Com licença
poética
Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira .
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
- dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.
Adélia Prado
rápido e rasteiro
vai ter uma
festa
que eu vou dançar
até o sapato pedir pra parar.
aí eu paro
tiro o sapato
e danço o resto da vida.
Chacal
Antibélica
Fazia roupinhas de boneca, meu Deus,
tão linda que era!
Tão linda...
os vestidinhos, bem feitos e muito bem acabadinhos
por dentro e por fora,
eram arte.
Eu disse: como você é linda
fazendo estas roupinhas de boneca! Linda!
Ela me olhou doce e, de dentro dos olhos
de seus sessenta e cinco anos,
saltou a menina de oito pra me dizer, singela:
é só tirar o modelo.
Senti amor pela senhora e pela pequena.
Ah, tem gente que é poema!
Elisa Lucinda
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