2/26/2014

DE 10 A 21 DE MARÇO


Tempo de Poesia

    Durante este período as turmas de todos os segmentos estarão realizando atividades com e sobre poesias: criação, recital, pesquisas, coletâneas...
    Algumas turmas vão estar voltadas para a obra de Dorival Caymmi e Lipicínio Rodrigues.

    Um pouco de poesia para você.


                          Silêncio                                                                                                                    
Eu visto a tua ausência de silêncio.
De um silêncio áspero e impermeável. 
Não por desamor,
tampouco esquecimento.
E sim por covardia.
É que eu tenho medo,
eu tenho um medo imenso
de que te misturando
às coisas deste mundo
o teu nome te integre na paisagem
e eu nunca mais te reconheça.

Eu visto a tua ausência de silêncio
e guardo em meu silêncio a tua imagem.


         Canto Baixo – Sérgio Fonseca




                             Com licença poética

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira .
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
- dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

                               Adélia Prado



                                 rápido e rasteiro

                                vai ter uma festa
                            que eu vou dançar
                    até o sapato pedir pra parar.

                                aí eu paro
                              tiro o sapato
                        e danço o resto da vida.

                                           Chacal


                                 Antibélica

Fazia roupinhas de boneca, meu Deus,
tão linda que era!
Tão linda...
os vestidinhos, bem feitos e muito bem acabadinhos
por dentro e por fora,
eram arte.
Eu disse: como você é linda
fazendo estas roupinhas de boneca! Linda!

Ela me olhou doce e, de dentro dos olhos
de seus sessenta e cinco anos,
saltou a menina de oito pra me dizer, singela:
é só tirar o modelo.
Senti amor pela senhora e pela pequena.
Ah, tem gente que é poema!

                                         Elisa Lucinda

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